Publicado em Domingo, 30 Junho 2013 14:38 | Escrito por Dom Sérgio Castriani é arcebispo metropolitano de Manaus
Dom Sérgio Castriani é arcebispo metropolitano de Manaus |
Somos romanos, católicos apostólicos romanos. Professamos nossa fé e a vivemos numa Igreja que se entende como católica, isto é, universal, aberta a todos os povos e culturas, presente em todas as nações, sem acepção de pessoas.
Não somos uma igreja nacional e nem queremos ser uma seita fechada e escondida. Somos apostólicos porque nossa fé, transmitida de geração em geração, tem seu fundamento no testemunho dos apóstolos, um grupo de homens que acompanhou Jesus desde a Galileia, esteve presente na sua paixão e morte e testemunhou a sua ressurreição, proclamando que Jesus é o Messias e Senhor, impulsionados pelo Espírito Santo. Porque católicos e apostólicos, somos romanos.
Nossa catolicidade é garantida e vivida pela comunhão com o bispo de Roma. A comunhão com ele garante que permanecemos nela e ela determina nossos rumos, nosso jeito de crer e nossa moral. Permanecer em comunhão é uma questão de fé em Jesus Cristo que quis a unidade de seus seguidores.
Não criamos uma Igreja ao nosso gosto, mas aceitamos que fazemos parte de um corpo e de um povo que vai além dos nossos limites temporais, geográficos e culturais.
Como podemos saber que estamos na tradição dos apóstolos e não estamos seguindo doutrinas criadas ao sabor dos ventos da história e de acordo com interesses pessoais ou coletivos? A comunhão com o bispo de Roma garante a apostolicidade da nossa fé.
O bispo de Roma com os bispos do mundo inteiro formam o colégio apostólico. Com mecanismos criados e fortalecidos ao longo dos séculos, garantem a autêntica tradição, isto é, a transmissão do Evangelho de geração em geração.
Estas são as raz ões para sermos romanos. Temos respeito e obedecemos ao papa, ouvimos suas orientações e seguimos seu exemplo. Acreditamos que ele é um dom de Deus para nós e para o mundo.
A eleição do papa Francisco nos fez sentir mais uma vez a alegria de sermos o que somos e a certeza de que a Igreja continua a ser a obra- prima do Espírito. Respeitamos os que não partilham esta nossa fé e queremos estar em comunhão com eles na casa comum do ecumenismo, mas preservamos e nos orgulhamos de nossa identidade.
Para mostrar tudo isto, os arcebispos quando nomeados pedem ao papa que lhes conceda o pálio, uma espécie de canga que se coloca sobre os ombros. Feita de lã de carneiro, com pequenas cruzes bordadas é símbolo do pastoreio que lhes é confiado pela Igreja.
Recebê-lo significa que estão em comunhão com o bispo de Roma, que recebeu o pálio quando tomou posse da sua diocese e que em nome da Igreja os elegeu dando-lhes a missão de presidir uma Igreja metropolitana.
Esta entrega acontece todos os anos na solenidade de são Pedro. Estar aí é um privilégio imerecido e um desafio que só pode ser enfrentado com a graça de Deus, e com a amizade de todos.
Num mundo dividido e dilacerado por guerras, crimes, concorrência desleal, exploração de pessoas, oxalá este seja mais um sinal de nossa unidade fundamental como seres humanos, que têm um destino comum.
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