Muitas vezes não estamos atentos à percepção sobre quem sustenta nossa vida, dá-nos condição do bom uso da inteligência e outros dons, bem como nos faz superar tantas dificuldades!
A abertura dos olhos da fé é fundamental para percebermos o sentido da vida e o objetivo da mesma apresentada por quem no-la deu. Viver para ser “a alegria de teu Deus” (Isaías 62,5) dá consistência absoluta à realização do ser humano. Caso contrário, as amarguras e os demais desafios da história o frustram terrivelmente. Viver sabendo que alguém maior do que nós nos ama, está ao nosso lado, ajuda-nos a vencer as barreiras dos próprios limites, dá consistência e certeza de nossa vitória com nosso esforço de superação dos impasses nos dá segurança. Então, tudo se torna meio de realização na caminhada existencial.
Na festa de casamento em Caná da Galileia, faltou vinho aos comensais. Presentes no evento, Jesus, Maria e os Apóstolos, aconteceu o inesperado. A mãe de Jesus se preocupou com o constrangimento dos promotores da festa. Dirigiu-se ao Filho, solicitando sua ajuda para a solução do problema. O milagre foi feito. Seis grandes potes, de cem litros cada, foram enchidos de água e Jesus os transformou em vinho. O mestre-sala não sabia de onde surgiu o vinho melhor do até então usado e acabado. “Mas os que estavam servindo sabiam, pois, eram eles que tinham tirado a água” (João 2,9).
Deus não quer a divulgação de seu nome pela simples divulgação. Ele quer o bem de todos nós. Espalhar esse bem é o principal, solucionando os problemas da existência. O resultado de que é Ele o benfeitor é consequência natural. Fazer ambas as coisas, o que Deus realizou, a pessoa e a atuação dele divulgadas é necessário. Não basta louvar a Deus. É preciso reconhecer que Ele é o tudo e o fundamento do bem recebido e feito por nós. Sem sua ação ficamos na água sem o milagre de sua transformação.
Usar a inteligência para concluir a fonte e a causa do bem é importante. A fé esclarecida pela razão não se opõe a esta. Mas só com a razão sem a fé não é possível chegarmos à insondável ação amorosa de Deus em nossa vida. A fé nos leva a usar a razão para percebermos que somos criaturas dependentes do Criador e visualizarmos o bem e a finalidade da vida que é próprio Criador.
Santo Tomás de Aquino nos mostra cinco vias da razão para concluirmos sobre a ação de Deus. Dos efeitos se chega à sua causa. Se existe a criatura é porque existe o Criador. Feliz de quem percebe, com o olhar da fé, a ação dele, que só quer o nosso bem.
Foi nessa perspectiva que Jesus iniciou seus milagres “e seus discípulos creram nele” (João 2,11).
Por Dom José Alberto Moura – Arcebispo de Montes Claros (MG)
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